Resumo
O projeto “Brincando
com o corpo: superando desafios e construindo habilidade”, foi desenvolvido
numa turma de creche, com crianças de 3 a 4 anos; estas apresentavam
comportamento inquieto e dificuldades em cumprir com as regras construídas,
motivo esse que instigou a sua elaboração.
Seu período de
realização foi de três meses; os conteúdos e práticas planejadas visaram à
ampliação das habilidades motoras da criança, proporcionando uma variedade de
movimentos, para que esta, além de executar, explorasse seu potencial e
desenvolvesse sua formação integral. Mediante esse objetivo, as habilidades
construídas pela criança estariam voltadas para o desempenho físico, sendo
explorado por ela nas brincadeiras, a percepção do equilíbrio, da força, do
impulso, a coordenação motora global e fina, e o desenvolvimento de aptidões
físicas: pular, correr, saltar, equilíbrio, força, resistência, agilidade e
outros.
Foi executado por meio
das brincadeiras de roda, livres, com regras e circuito motor. A partir das
brincadeiras realizadas, as crianças demonstram controlar o equilíbrio do corpo
em diversas situações de brincadeiras livres e direcionadas, que requerem
correr, pular, rolar, arrastar e subir, tendo esses movimentos bem aprimorados.
Como também, realizam com desenvoltura os circuitos de brincadeiras que requer salto,
abaixar, subir, dá cambalhota, pular com os pés juntos sobre obstáculos.
Planejamento
A partir das formações
continuadas, principalmente em serviço, acerca da importância do brincar na rotina
da Educação Infantil, e sendo a brincadeira, um dos eixos norteadores das
práticas pedagógicas nesta etapa, como bem afirma as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil, em seu artigo 9º, “as práticas pedagógicas
que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos
norteadores as interações e a brincadeira”, percebi que desenvolver os
conteúdos de forma lúdica seria prioritário nas atividades planejadas, como também
a rotina da sala tinha que ser construída alinhada ao artigo citado acima,
garantido as crianças brincadeiras todos os dias.
No período de adaptação
da turma, que aconteceu nas três primeiras semanas de aula, algumas crianças
apresentavam inquietação e dificuldades em cumprir com as regras construídas e
por meio desse fato comecei a construir combinados com elas, sendo estabelecido
que as mesmas participariam da brincadeira do dia mediante o cumprimento
destas, as quais seriam: na segunda
feira brinquedos cantados, na terça circuito motor, na quarta brincadeira com
corda, na quinta brincadeira com bola e na sexta o faz de conta.
Diante da construção
dos combinados, observei que as crianças interagiam com as brincadeiras e
brinquedos trabalhados e se socializavam entre si, além de mudarem seu
comportamento agitado, começando a cumprir com as regras. Nos momentos de roda
de conversa, quase todas as crianças perguntavam se haveria brincadeira, e qual
seria.
Mediante essa
avaliação, fiz leituras sobre a importância do lúdico nas práticas cotidianas
com crianças pequenas e vendo a relevância dessa linguagem e o quanto ela
favorece o desenvolvimento de múltiplas aprendizagens, pesquisei como poderia
desenvolver um projeto com o tema brincadeiras, ficando nítido para minha
pessoa que não haveria nenhum outro tema tão essencial e prazeroso para as
crianças como o brincar.
Como o brincar é um ato
natural da criança, sendo este o mais saudável e uma das melhores formas de
aprendizagem para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança, uma
vez que através desse, ela experimenta diversas situações que possibilitem
crescer e testar em suas habilidades: físicas (motoras) e sociais, já
desenvolvendo a linguagem oral através da interação com o brinquedo e com as
pessoas.
Ampliar as habilidades
motoras da criança, proporcionando uma variedade de movimentos, para que esta,
além de executar, explore seu potencial e desenvolva sua formação integral foi
o objetivo geral do projeto. Consequentemente, a partir das experiências
proporcionadas, as crianças experimentariam noções de liberdade, socialização e
cooperação.
Outros objetivos foram
estabelecidos, como: desenvolver a criatividade, a autonomia, as múltiplas linguagens,
a coordenação motora, construir e cumprir regras e outros.
Como a brincadeira
possibilita trabalhar todos os conteúdos para a Educação Infantil, optei
desenvolver com as crianças apenas os conteúdos que estivessem direcionados ao
desenvolvimento das aptidões físico motoras, como a agilidade, destreza,
movimento corporal (dança, salto, corrida e pulo), equilíbrio, percepção,
força, impulso, sincronismo, resistência, controle viso motor, salto, firmeza,
movimento de preensão, coordenação motora fina, espacialidade, e conceitos matemáticos
(dentro/fora, embaixo/ em cima, perto/ longe).
O projeto foi
desenvolvido no período de três meses, as brincadeiras foram realizadas todos
os dias, contemplando sempre o movimento. Alguns materiais utilizados, a escola
disponibiliza, como bola, corda, bambolê, brinquedos de encaixe, boliche;
outros foram confeccionados, como as barras com canos, bola de meia, laça laça,
vai e vem, pés de quenga de coco; e ainda alguns reaproveitados como pneus, cabo de vassoura,
cones de linha, latas, caixas e outros.
Compartilho as práticas
pedagógicas com outra professora da sala, que contribuiu com a troca de ideias,
sugestões e contando com sua parceria na realização do planejamento e
efetivação das brincadeiras.
Diagnóstico
O Centro Municipal de Educação
Infantil Joaquim Lopes Pequeno, situa-se à rua Tiburtino Bezerra, nº 175,
bairro Santo Antônio, na cidade de Cruzeta, Estado do Rio Grande do Norte. A estrutura do prédio é conservada, no
entanto ainda necessita de algumas modificações para melhor atender as
particularidades das crianças.
Atualmente o Centro
atende a uma clientela de aproximadamente 400 (quatrocentos) alunos
distribuídos em 19 (dezenove) turmas, sendo 11 (onze) no turno matutino e 08
(oito) no vespertino. O número de alunos por turma varia entre 17 a 25 alunos,
alguns destes, residem na zona rural. Dessa clientela atendemos 03 (três)
crianças com necessidades especiais, sendo 01 (uma) autista,01 (uma) com
Paralisia Cerebral e 01 (uma) com baixa visão.
Para auxiliar nos serviços de apoio pedagógico o centro dispõe ainda de
fantoches, brinquedos diversos, o qual possibilitam o aprimoramento do
conhecimento construído no dia-a-dia de sala de aula, como também o lazer, o
brincar e os movimentos corporais, funcionando em escala rotativa, para poder
atender todas as crianças semanalmente. Complementando
os serviços supracitados, dispomos ainda da casinha da leitura, do carrinho literário, como também
brinquedos e jogos educativos em que as crianças tenham oportunidades de
brincar, construindo uma personalidade infantil autônoma, cooperativa e
criativa. Quanto às salas de aula, as mesmas dispõem de
cantinhos temáticos, como: cantinho da leitura, cantinho da matemática, como recursos
que favorecem uma melhor interação entre as crianças e ao mesmo tempo
contribuem no processo de ensino aprendizagem.
Quanto às atividades motoras e
cognitivas são realizadas através do manuseio de materiais concretos (pincel,
tinta, massa de modelar, jogos de encaixe, recorte, colagem, brinquedos, entre
outros), que possibilite a criança desenvolver as competências necessárias para
o seu desenvolvimento integral. As brincadeiras são desenvolvidas de acordo com
o mundo imaginário das crianças (faz de conta, música, danças, dramatizações,
dinâmicas, brincadeiras no pátio, entre outros), respeitando as limitações e
particularidades de cada criança.
O estreitamento de
laços entre família e a escola acontece através de encontros, reuniões de pais
e professores por turma, palestras educativas, visitas domiciliares, entre
outras. A maioria dos pais são funcionários de fábricas de costura, comércio,
cerâmicas e uma minoria trabalham na agricultura e pecuária. Em sua maioria são
pessoas com o segundo grau concluído.
A turma é composta por
vinte e três crianças, de idade 3 a 4 anos, quase todas elas já frequentavam a
escola, sendo que apenas duas vieram do lar. É bastante heterogênea, em relação
às experiências cotidianas e comportamento, mas apresenta expectativas em relação as brincadeiras e brinquedos proporcionados
a ela.
No período de adaptação
e diagnóstico (três semanas), observei que a turma apresentava comportamento agitado
e dificuldades em cumprir com às regras construídas em sala, como também, a
necessidade de estimular e proporcionar vivências relacionadas a brinquedos
cantados e cantigas de roda.
Na roda de conversas,
as crianças socializaram as brincadeiras que mais gostavam, na maioria eram as
brincadeiras que exigiam movimento, que as oportunizasse correr, pular, dançar,
subir.
Nesse período,
desenvolvi no pátio as brincadeiras: “dança das cadeiras”, “boi passa”, “pea
quente” “macaco simão”, “cabo de guerra” e outras, o brinquedo cantado “a
serpente” e “cantigas de roda”. Nesses momentos, as crianças demonstravam
prazer em as realizarem, pôr permiti-las se movimentar e brincar ao mesmo tempo
juntas.
Avaliei muitas
dificuldades que elas demonstraram como: correr com segurança, saltar com os pés
juntos, subir, mexer o corpo, espacialidade e os e conceitos matemáticos
(dentro/fora, embaixo/ em cima, perto/ longe).
Mesmo havendo diagnosticado a dificuldade das
crianças em cumprir regras, havia uma necessidade maior em planejar práticas
voltadas para o desenvolvimento das habilidades motoras, e a partir destas,
construir com as crianças as regras a serem obedecidas.
Desenvolvimento:
O projeto foi
desenvolvido no primeiro bimestre, no espaço de três meses; embora as práticas
voltadas para o brincar permaneçam, pois estão garantidas na rotina da sala. O
planejamento foi divido da seguinte forma, na segunda feira se contemplou o
movimento corporal, alongamento e dança, na terça os circuitos motores, que foi
sendo elaborados por níveis crescente de dificuldades, na quarta as cantigas de
roda e demais dias da semana brincadeiras livres, com bola, corda e o faz de
conta.
Ao trabalhar o
movimento corporal, os objetivos estavam voltados para os temas: corporeidade,
ludicidade e motricidade. Descreverei algumas práticas que proporcionaram novas
experiências com relação ao movimento.
Esse momento é
realizado na acolhida, e tem a duração de trinta minutos, entre alongamento,
dança e relaxamento.
Todas as atividades de
movimento, sempre iniciam com o alongamento, inicialmente as crianças
apresentavam dificuldades em realizar, tanto em equilíbrio como em
concentração, que aos poucos foi sendo superada, sempre levando elas a
refletirem que nas atividades físicas, faz-se necessário alongar o corpo,
preparando-o para movimentá-lo.
Quando o movimento é
realizado, sempre termina com o relaxamento, na maioria das vezes exercitamos a
respiração, que fica ofegante e relaxando a musculatura do corpo ao deitar.
Baseado em PICCOLO E MOREIRA (2012, pág. 24),
as oportunidades surgidas ao longo da vida podem permitir que a criança explore
todo seu potencial e o movimento com o corpo permite essa exploração, e por
essa razão é que devemos oferecer uma grande variedade de movimentos para que a
criança execute e experimente.
Para esse movimento,
utilizei a música Arco íris do amor, e tiras coloridas de papel crepom, para
que ao ritmo da música, as crianças movimentassem a tira e consequentemente seu
corpo, explorando os movimentos de subir e descer, correr, girar a tira sobre o
corpo, mexer o corpo, dançar. As crianças corresponderam aos estímulos e
gradativamente foram movimentando os membros superiores e inferiores.
No que se refere aos
circuitos motores, fui dificultando os exercícios, com a intencionalidade das
crianças explorarem seu potencial, superando suas limitações. Elas demonstraram
vontade e prazer ao serem desafiadas a fazê-los.
Para a realização dos
circuitos motores utilizei cordas, pneus, bambolês, escada, varal de ferro,
cones, barra feitas com canos, cabos de vassouras, banco de madeira e outros
materiais. Os primeiros circuitos, planejei apenas com cordas e bambolês,
conforme o desenvolvimento das crianças com relação a equilíbrio e saltos
demonstrados na facilidade e agilidade com que elas foram realizando e assim
fui proporcionando outros materiais que tornasse desafiadora a execução dos
exercícios, como arrastar por entre os pneus, caminhar com obstáculos, saltar
por cima de obstáculos, subir na escada, se em pendurar no varal de ferro,
andar com equilíbrio em cima do banco, passar por obstáculo em cima do banco..
A cada execução, as crianças me
surpreendiam com a destreza com que realizavam os desafios propostos, algumas
delas necessitaram de muito incentivo para superar o medo e a insegurança, mas mesmo
com essas dificuldades, queriam executá-los. Nas falas de algumas, pude
constatar a satisfação, liberdade e autonomia que demonstraram a partir dessas
vivências. Eis algumas delas:
-
“Hoje tem circuito? Oba!” (criança 1))
-
“Tia, eu gostei muito, muito da brincadeira. ” (criança 2)
-
“Gosto de pular sobre os obstáculos.” (criança 3)
-
“O que achei mais legal foi subir a escada.” (criança 4)
-
“Gosto muito das brincadeiras de circuito” (criança 5)
-
“Eu gosto de pular, de correr e de passar no túnel de pneu” (criança 6)
-
“O que mais gosto é de subir a escada e se pendurar.” (criança 7)
Esses
circuitos motores exigiram das crianças agilidade, rapidez e desempenho físico,
sendo que através desses, observei que, houve a construção progressiva da
coordenação motora a partir dos conteúdos que foram trabalhados: destreza
motora, equilíbrio, percepção do impulso, percepção da força, desenvolvimento
de aptidões físicas: pular, resistência, controle viso motor; controle
corporal: firmeza e equilíbrio.
No que diz respeito as
experiências com as cantigas de roda, percebi que foi um desafio para as
crianças, pois apresentaram muita dificuldade em formar a roda, acompanhar o
ritmo do outro, dançar juntos. Ao desenvolver tais atividades, tinha como
objetivo trabalhar o lúdico e o movimento.
A
estratégia que usei foi criar personagem para a cantiga, fazendo com as
crianças tivessem interesse em brincar, ouvimos algumas cantigas do cancioneiro
folclórico, e algumas crianças escolheram a cantiga “Pai Francisco entrou na
roda”, devido o violão e o delegado. Dentre as crianças, se escolheu dois
meninos para dramatizar a cantiga, um deles por possuir um violão e o outro por
ter as algemas de delegado.
E
assim, começamos a ensaiar a cantiga “Pai Francisco”, quando terminávamos,
sempre cantávamos outras cantigas, e assim as crianças foram gostando de
brincar de cantigas de roda. Quando todos aprenderam a cantiga ensaiada,
fizemos a dramatização no pátio da escola para as outras crianças.
A dramatização da cantiga de roda e
brinquedos cantados encantaram as crianças, que revelaram interesse e prazer
por estes, estando esse momento assegurado na rotina da sala. Outras cantigas
já foram dramatizadas pelas crianças no pátio da escola, em momento de recreio,
superando assim as dificuldades apresentadas pelas mesmas incialmente em
relação a essa brincadeira.
Dentre
as cantigas dramatizadas pelas crianças estão: a “Linda rosa juvenil, “O cravo brigou”
com a rosa e a “Ciranda do anel”, momentos de muito aprendizado em relação a
oralidade, ritmo, dança, movimento e principalmente em interação.
Nas falas das crianças sobre as cantigas,
observei um diálogo entre três delas, depois da apresentação da cantiga de roda
O cravo brigou com a rosa, o que segue abaixo:
-
“Eu gosto de dançar”. (Maria)
-
“Eu não gosto”. (João)
-“
Por que não?” (Maria)
-
“Porque eu não gosto de dançar.” (João)
-
“Amo dançar.” (Ana)
Mesmo não gostando de
dançar, João participa das cantigas de roda, acredito que por ser uma brincadeira
que proporciona no momento de sua execução a interação entre todos.
Para trabalhar a
coordenação motora fina, espacialidade e explorar os conceitos matemáticos, realizei
as brincadeiras: futepano, andar com a bola de gude na colher sobre a linha
reta, bola de carona, o brinquedo cantando “Ah! Minha gatinha parda”, a
competição de passar tampinha de garrafa e andar sobre pés de quenga de coco.
Algumas destas brincadeiras foram planejadas por mim, objetivando desenvolver
nas crianças as competências almejadas.
Para a realização do
futepano, utilizei um lençol de aproximadamente três metros, em forma de
retângulo, com dois buracos e uma bola. As crianças sentadas ao redor do pano, segura-o
e balança para que a bola caia por um dos buracos e faça o gol. As crianças se
divertiram bastante, interagiram, se socializaram, colaboraram umas com as
outras, desenvolvendo habilidades como: agilidade, ritmo e coordenação motora
nos membros superiores.
A brincadeira de andar
com a bola de gude na colher sobre a linha reta, foi desafiadora para as
crianças pelo grau de dificuldade, pois estas ainda estão no processo de
desenvolvimento da coordenação motora fina. Foi desenvolvida da seguinte forma:
tracei duas linhas retas com fita adesiva, utilizei duas colheres e duas bolas
de gude, e de duas em duas crianças iam realizando a brincadeira. Primeiro
demonstrei a brincadeira para que as crianças observassem, pois a mesma exigia
coordenação motora fina, concentração e equilíbrio. Todas elas realizaram, mais
apenas uma conseguiu andar sobre a linha sem derrubar a bola de gude.
Já na brincadeira bola
de carona, precisei de dois cones, uma bola e um colchonete, marquei uma linha
reta no chão com fita para indicar o ponto de partida e chegada; distanciei os
cones da linha vinte passos e posicionei os cones paralelos um ao outro; duas
crianças carregaram a bola no colchonete do ponto de partida, passaram por meio
dos cones e voltaram ao ponto inicial sem deixar a bola cair. Nessa atividade
as crianças desenvolveram a coletividade, habilidade motora, ritmo na questão
de andar no mesmo passo, equilíbrio e concentração.
No brinquedo cantado “Ah!
Minha gatinha parda” utilizei uma fralda e um cabo de vassoura, as crianças
ficaram em roda, se escolheu uma para ocupar o centro da roda e esta teve seus
olhos vendados segurando o cabo da vassoura. As demais crianças giraram
cantando a canção da gatinha parda, quando a música terminou, elas pararam; a
que estava no centro tocou outra criança com o cabo, a que foi tocada miou, e
pelo som da voz, a criança dos olhos vendados tentou descobrir quem era que
estava miando.
Essa
brincadeira exigia a percepção auditiva e apenas uma criança conseguiu adivinhar,
as demais demonstraram muita dificuldade, principalmente de ouvir o outro. Esse
brinquedo permite também a interação, a socialização e a oralidade.
Já para desenvolver a
competição de passar tampinha com as crianças, usei vinte e dois copos de
requeijão, 40 tampinhas de garrafas nas cores azul e vermelho, quatro pratos de
plástico e quatro cadeiras. Tracei com fita adesiva duas linhas retas paralelas
uma a outra no chão, em cada ponta das linhas coloquei uma cadeira, em duas
cadeiras coloquei um prato com vinte tampinhas, e nas outras duas cadeiras os
pratos vazios. Depois dividi a turma em dois grupos, cada criança recebeu um
copo, posicionei as crianças sobre a linha, sob meu comando, as crianças que
estavam perto do prato com as tampinhas, pegaram uma tampinha e colocaram
dentro do seu copo, e na sequencia passaria para o copo do colega, que passou
para o outro e sucessivamente, até que as tampinhas foram passadas de um prato
para o outro.
Nessa brincadeira as
crianças vivenciaram muitas experiências, como de cooperação, paciência em
esperar o outro, integração, trabalho em equipe. Como também agilidade,
coordenação motora fina, concentração, entre outros. Nela pude trabalhar regra,
pois só podia passar uma tampinha de cada vez. As crianças interagiram muito
bem ao realizar essa competição
Andar sobre os pés de
quengas de coco, foi uma brincadeira livre, sem regras, onde as crianças
ficaram a vontade para realizar. Para seu desenvolvimento usei quengas de coco
e cordão, precisei furar as quengas para prender o cordão. Essa brincadeira é proporcionada
a crianças maiores, como meus alunos adquiriram uma maturidade motora em
relação a faixa etária delas, devido ao trabalho realizado, resolvi
desafiá-las, por ser uma atividade lúdica que exige preparo físico e
equilíbrio. Fui surpreendida com a capacidade das crianças, a maioria
conseguiram andar sobre os pés de quengas de coco.
Ao longo do
desenvolvimento desse projeto, foram oportunizadas as crianças diversas
brincadeiras, por serem muitas não cabe aqui descrevê-las, as que relatei foram
as mais significativas, pois exigiram das crianças explorarem seu potencial,
suas habilidades viso motoras, superarem seus limites, e ainda favoreceram a
autonomia, a socialização e a cooperação.
Avaliação
Desenvolver
uma rotina pautada em atividades lúdicas não é fácil, por exigir do professor
dinamismo, disposição, ludicidade e conhecimento para executar; pois a
utilização da brincadeira na escola como recurso da prática pedagógica, tem que
ser planejada, tendo objetivos a serem alcançados, mesmo sendo esta uma
atividade essencialmente lúdica.
Nesse
sentido CARVALHO (1992, p.28) afirma que “o ensino absorvido de maneira lúdica,
passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento
da inteligência da criança”.
O objetivo a ser
alcançado era a ampliação das habilidades motoras da criança, proporcionando
uma variedade de movimentos, para que esta, além de executar, explorasse seu
potencial e desenvolvesse sua formação integral, proporcionando as crianças
experimentar noções de liberdade, socialização e cooperação.
O resultado das
aprendizagens das crianças foi satisfatório e corresponderam ao objetivo
traçado, pois ao vivenciar tais experiências, elas corresponderam a cada
brincadeira desafiadora, e isso foi possível, devido à reflexão por mim e por
elas do que tinha sido bom e fácil de realizar na brincadeira.
Nessa perspectiva, as
brincadeiras que exigiram potencial das crianças, ou uma percepção e
coordenação motora bem desenvolvida, que naquele momento de realização elas
mostraram dificuldades em executar, foram pensadas e realizadas de outras
maneiras, para que o objetivo proposto fosse alcançado.
E para que fosse
possível essa avaliação de reflexão ação, fui registrando o desenvolvimento das
crianças nas brincadeiras realizadas, por meio do registro escrito, das falas
delas, dos resultados obtidos e através de fotos e vídeos, que pra mim foi
primordial, porque diante desses registros, planejava as brincadeiras
seguintes.
Algumas falas das
crianças que ajudaram a replanejar algumas atividades lúdicas, usando
estratégias que correspondesse ao interesse delas.
- “Porque eu não gosto
de dançar.” (criança 1), com relação as cantigas de roda e movimento.
- “Não consegui
realizar essa brincadeira”. (criança 2), apresentou dificuldade na execução dos
primeiros circuitos motores desenvolvidos.
_ “Essa brincadeira é
muito chata.” (Criança 3), fala sobre a brincadeira de andar com a bola de gude
na colher sobre a linha reta, porque foi difícil e demorada.
Assim como teve os
registros, das brincadeiras que precisaram ser revistas, também registrei falas
das crianças sobre brincadeiras que mais gostaram.
- “Eu gosto das
brincadeiras com corda.” (criança 4)
- “É legal pular
corda.” (criança 5)
- “Gosto de dançar, é
bom.” (criança 6)
- “Eu gosto das
cantigas de roda, porque é muito divertido.” (criança 7)
- “Gosto de brincar no
circuito lá no pátio” (criança 8)
Pra mim, ficou
evidente, que, a maioria das crianças alcançaram os objetivos, pois tem criança
que ainda precisa ser muito estimulada para participar das atividades lúdicas
direcionadas, principalmente o movimento e a dança.
Grande maioria delas, a
partir das brincadeiras realizadas, demonstram controlar o equilíbrio do corpo
em diversas situações de brincadeiras livres e direcionadas, que requerem
correr, pular, rolar, arrastar e subir, tendo esses movimentos bem aprimorados.
Como também, realizam com desenvoltura os circuitos de brincadeiras que requer
salto, abaixar, subir, dá cambalhota, pular com os pés juntos sobre obstáculos.
Enfim, continuo
garantindo as crianças os momentos lúdicos, mesmo não estando mais
desenvolvendo esse projeto, a dramatização, usada como estratégia para
incentivar o interesse das crianças pelas cantigas de roda, surtiu tanto
efeito, que ao trabalhar a música a flor do mamulengo, algumas crianças da
turma, incluindo meninos e meninas, foram convidadas e desafiadas pela
Secretaria Municipal de Assistência Social, a se apresentarem na 57ª Festa da
Colheita/ Cruzeta-RN,
Portanto, as
experiências vivenciadas pela turma com o brincar, oportunizaram interações
espontâneas e prazerosas para as crianças, pois elas brincam sem receios e sem
preocupação de acerto ou erro, mas com participação ativa e carregada de
construções estratégicas, mesmo que de maneira inconsciente, cabendo eu
intervir com intencionalidade nas articulações viáveis pra o desenvolvimento
das potencialidades como um todo, por meio das possibilidades e condições por
ele proporcionado para atingir as especificidades da criança.
Avaliação
da minha prática.
A cada planejamento
realizado, refletia o que permaneceria e o que teria de ser ressignificado na
minha prática, para isso, fiz leituras sobre a importância do brincar, e quais
brincadeiras poderia desenvolver com as crianças.
Para
a efetivação do objetivo geral do projeto, tenho ciência que a maioria das
minhas praticas favoreceram para alcança-lo, objetivo esse já citado nesse
relato.
As
primeiras atividades lúdicas foram de acordo com a faixa etária das crianças,
como as cantigas de roda, brincadeiras livres, outras direcionadas, utilizando
corda, bambolês e bolas. Todas essas brincadeiras estavam de acordo com as
possibilidades de aprendizagem das crianças e seus interesses.
Com a efetivação do projeto, senti que havia
de explorar mais o potencial das crianças, para isso fui proporcionando
brincadeiras que estivem além das competências das crianças, como as
brincadeiras de saltar com os pés juntos sobre obstáculos, a de caminhar sobre
a linha reta, segurando a colher com uma bola de gude, músicas para o movimento
em diferentes ritmos; com os estímulos no que se refere a formas de como ia
sendo desenvolvidos, desafiaram as crianças a ousarem em fazer.
Para
que o objetivo fosse alcançado, a partir das praticas vivenciadas, o circuito
motor foi a atividade que mais oportunizou as crianças ampliarem suas
habilidades viso motoras, por se tratar de um conjunto de brincadeiras presentes
numa mesma atividade e que trabalha o corpo todo. As outras estratégias foram
sendo planejadas a partir das necessidades das crianças em desenvolver outros
conteúdos presente nas práticas de Educação Infantil.
Embora,
as atividades foram planejadas para três meses, o lúdico tem sido priorizado em
minha prática pedagógica, as brincadeiras continuam acontecendo, mesmo o
projeto ter sido concluído. Se fosse executar o projeto novamente, muita coisa
mudaria, devido os alunos serem outros, com suas especificidades e
necessidades, fazendo com que novos objetivos específicos fossem incorporados.
Foi
uma experiência exitosa, pois comprovei na prática os avanços das crianças, não
só na coordenação motora, como nas interações com o outro, mudança de
comportamento e o prazer que demonstram pelas aulas, a escola se tornou
prazerosa para elas.
Pude
aprimorar minhas práticas voltadas para o lúdico, pois ao buscar novos
conhecimentos, mediante leituras, trocas de experiências com colegas de
trabalho, ampliei os significados, brincadeiras e canções presentes ao longo da
minha trajetória profissional.
Meus
alunos apresentam um potencial em relação ao movimento, que inicialmente não
tinham, fazer com que continuem ampliando e explorando gradativamente seu
desenvolvimento motor, é um desafio para mim, pois exigi novas experiências, um
novo olhar sobre quais necessidades de aprendizagens as crianças se encontram e
suas especificidades.
As
experiências aqui relatadas podem ser aplicadas por outros professores, já que
as brincadeiras se constituem uma necessidade da criança, e o principal meio
pelo qual ela constrói seus saberes e se desenvolve fisicamente.
Os
resultados das práticas desenvolvidas, precisam serem divulgados no espaço
escolar e na comunidade, socializá-los é uma das tantas formas de replicação,
embora, a publicação em revistas, sites ou livros, atingem um público maior.
Para
uma replicação desse projeto, já que lidamos com a diversidade, e ele foi
pensado para uma turma especifica; será necessário novas adequações e
adaptações. Embora os conteúdos desenvolvidos devem serem trabalhados em
qualquer realidade, pois estão voltados para o desenvolvimento físico motor da
criança. Sendo assim, os professores que se inspirarem nessa prática, mesmo
diante de realidades diversificadas, podem construir aprendizagens
significativas em múltiplas linguagens.
Cabe ao professor,
então, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza de intenções, isto é,
sabendo o que as crianças podem desenvolver com a atividade proposta e como ela
deve ser realizada, prevendo a ocupação e o limite de tempo, de acordo com a
natureza da própria atividade, permitindo a realização dos movimentos em sua
plenitude.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais pra a Educação Infantil.
Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009.
CARVALHO, A. M. A.et al, (org). Brincadeiras e Cultura: Viajando por um
Brasil que brinca. Vol. 1. São Paulo: Casado Psicólogo. 1992.
NISTA-PICCOLO, Vilma Lení e MOREIRA,
Wagner Wey. Corpo em Movimento na
Educação Infantil. 1. Ed. São Paulo: Telos, 2012.