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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

RELATO DE PRÁTICA: Brincando com o corpo: superando desafios e construindo habilidades.



         
Resumo
O projeto “Brincando com o corpo: superando desafios e construindo habilidade”, foi desenvolvido numa turma de creche, com crianças de 3 a 4 anos; estas apresentavam comportamento inquieto e dificuldades em cumprir com as regras construídas, motivo esse que instigou a sua elaboração.
Seu período de realização foi de três meses; os conteúdos e práticas planejadas visaram à ampliação das habilidades motoras da criança, proporcionando uma variedade de movimentos, para que esta, além de executar, explorasse seu potencial e desenvolvesse sua formação integral. Mediante esse objetivo, as habilidades construídas pela criança estariam voltadas para o desempenho físico, sendo explorado por ela nas brincadeiras, a percepção do equilíbrio, da força, do impulso, a coordenação motora global e fina, e o desenvolvimento de aptidões físicas: pular, correr, saltar, equilíbrio, força, resistência, agilidade e outros.
Foi executado por meio das brincadeiras de roda, livres, com regras e circuito motor. A partir das brincadeiras realizadas, as crianças demonstram controlar o equilíbrio do corpo em diversas situações de brincadeiras livres e direcionadas, que requerem correr, pular, rolar, arrastar e subir, tendo esses movimentos bem aprimorados. Como também, realizam com desenvoltura os circuitos de brincadeiras que requer salto, abaixar, subir, dá cambalhota, pular com os pés juntos sobre obstáculos.
Planejamento
A partir das formações continuadas, principalmente em serviço, acerca da importância do brincar na rotina da Educação Infantil, e sendo a brincadeira, um dos eixos norteadores das práticas pedagógicas nesta etapa, como bem afirma as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, em seu artigo 9º, “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira”, percebi que desenvolver os conteúdos de forma lúdica seria prioritário nas atividades planejadas, como também a rotina da sala tinha que ser construída alinhada ao artigo citado acima, garantido as crianças brincadeiras todos os dias.
No período de adaptação da turma, que aconteceu nas três primeiras semanas de aula, algumas crianças apresentavam inquietação e dificuldades em cumprir com as regras construídas e por meio desse fato comecei a construir combinados com elas, sendo estabelecido que as mesmas participariam da brincadeira do dia mediante o cumprimento destas, as quais seriam:  na segunda feira brinquedos cantados, na terça circuito motor, na quarta brincadeira com corda, na quinta brincadeira com bola e na sexta o faz de conta.
Diante da construção dos combinados, observei que as crianças interagiam com as brincadeiras e brinquedos trabalhados e se socializavam entre si, além de mudarem seu comportamento agitado, começando a cumprir com as regras. Nos momentos de roda de conversa, quase todas as crianças perguntavam se haveria brincadeira, e qual seria.
Mediante essa avaliação, fiz leituras sobre a importância do lúdico nas práticas cotidianas com crianças pequenas e vendo a relevância dessa linguagem e o quanto ela favorece o desenvolvimento de múltiplas aprendizagens, pesquisei como poderia desenvolver um projeto com o tema brincadeiras, ficando nítido para minha pessoa que não haveria nenhum outro tema tão essencial e prazeroso para as crianças como o brincar.
Como o brincar é um ato natural da criança, sendo este o mais saudável e uma das melhores formas de aprendizagem para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança, uma vez que através desse, ela experimenta diversas situações que possibilitem crescer e testar em suas habilidades: físicas (motoras) e sociais, já desenvolvendo a linguagem oral através da interação com o brinquedo e com as pessoas.
Ampliar as habilidades motoras da criança, proporcionando uma variedade de movimentos, para que esta, além de executar, explore seu potencial e desenvolva sua formação integral foi o objetivo geral do projeto. Consequentemente, a partir das experiências proporcionadas, as crianças experimentariam noções de liberdade, socialização e cooperação.
Outros objetivos foram estabelecidos, como: desenvolver a criatividade, a autonomia, as múltiplas linguagens, a coordenação motora, construir e cumprir regras e outros.
Como a brincadeira possibilita trabalhar todos os conteúdos para a Educação Infantil, optei desenvolver com as crianças apenas os conteúdos que estivessem direcionados ao desenvolvimento das aptidões físico motoras, como a agilidade, destreza, movimento corporal (dança, salto, corrida e pulo), equilíbrio, percepção, força, impulso, sincronismo, resistência, controle viso motor, salto, firmeza, movimento de preensão, coordenação motora fina, espacialidade, e conceitos matemáticos (dentro/fora, embaixo/ em cima, perto/ longe).
O projeto foi desenvolvido no período de três meses, as brincadeiras foram realizadas todos os dias, contemplando sempre o movimento. Alguns materiais utilizados, a escola disponibiliza, como bola, corda, bambolê, brinquedos de encaixe, boliche; outros foram confeccionados, como as barras com canos, bola de meia, laça laça, vai e vem, pés de quenga de coco; e ainda  alguns  reaproveitados como pneus, cabo de vassoura, cones de linha, latas, caixas e outros.
Compartilho as práticas pedagógicas com outra professora da sala, que contribuiu com a troca de ideias, sugestões e contando com sua parceria na realização do planejamento e efetivação das brincadeiras.
Diagnóstico
O Centro Municipal de Educação Infantil Joaquim Lopes Pequeno, situa-se à rua Tiburtino Bezerra, nº 175, bairro Santo Antônio, na cidade de Cruzeta, Estado do Rio Grande do Norte. A estrutura do prédio é conservada, no entanto ainda necessita de algumas modificações para melhor atender as particularidades das crianças.
Atualmente o Centro atende a uma clientela de aproximadamente 400 (quatrocentos) alunos distribuídos em 19 (dezenove) turmas, sendo 11 (onze) no turno matutino e 08 (oito) no vespertino. O número de alunos por turma varia entre 17 a 25 alunos, alguns destes, residem na zona rural. Dessa clientela atendemos 03 (três) crianças com necessidades especiais, sendo 01 (uma) autista,01 (uma) com Paralisia Cerebral e 01 (uma) com baixa visão.
Para auxiliar nos serviços de apoio pedagógico o centro dispõe ainda de fantoches, brinquedos diversos, o qual possibilitam o aprimoramento do conhecimento construído no dia-a-dia de sala de aula, como também o lazer, o brincar e os movimentos corporais, funcionando em escala rotativa, para poder atender todas as crianças semanalmente. Complementando os serviços supracitados, dispomos ainda da casinha da leitura, do carrinho literário, como também brinquedos e jogos educativos em que as crianças tenham oportunidades de brincar, construindo uma personalidade infantil autônoma, cooperativa e criativa. Quanto às salas de aula, as mesmas dispõem de cantinhos temáticos, como: cantinho da leitura, cantinho da matemática, como recursos que favorecem uma melhor interação entre as crianças e ao mesmo tempo contribuem no processo de ensino aprendizagem.
Quanto às atividades motoras e cognitivas são realizadas através do manuseio de materiais concretos (pincel, tinta, massa de modelar, jogos de encaixe, recorte, colagem, brinquedos, entre outros), que possibilite a criança desenvolver as competências necessárias para o seu desenvolvimento integral. As brincadeiras são desenvolvidas de acordo com o mundo imaginário das crianças (faz de conta, música, danças, dramatizações, dinâmicas, brincadeiras no pátio, entre outros), respeitando as limitações e particularidades de cada criança.
O estreitamento de laços entre família e a escola acontece através de encontros, reuniões de pais e professores por turma, palestras educativas, visitas domiciliares, entre outras. A maioria dos pais são funcionários de fábricas de costura, comércio, cerâmicas e uma minoria trabalham na agricultura e pecuária. Em sua maioria são pessoas com o segundo grau concluído.
A turma é composta por vinte e três crianças, de idade 3 a 4 anos, quase todas elas já frequentavam a escola, sendo que apenas duas vieram do lar. É bastante heterogênea, em relação às experiências cotidianas e comportamento, mas apresenta  expectativas  em relação as brincadeiras e brinquedos proporcionados a ela.
No período de adaptação e diagnóstico (três semanas), observei que a turma apresentava comportamento agitado e dificuldades em cumprir com às regras construídas em sala, como também, a necessidade de estimular e proporcionar vivências relacionadas a brinquedos cantados e cantigas de roda.
Na roda de conversas, as crianças socializaram as brincadeiras que mais gostavam, na maioria eram as brincadeiras que exigiam movimento, que as oportunizasse correr, pular, dançar, subir.
Nesse período, desenvolvi no pátio as brincadeiras: “dança das cadeiras”, “boi passa”, “pea quente” “macaco simão”, “cabo de guerra” e outras, o brinquedo cantado “a serpente” e “cantigas de roda”. Nesses momentos, as crianças demonstravam prazer em as realizarem, pôr permiti-las se movimentar e brincar ao mesmo tempo juntas.
Avaliei muitas dificuldades que elas demonstraram como: correr com segurança, saltar com os pés juntos, subir, mexer o corpo, espacialidade e os e conceitos matemáticos (dentro/fora, embaixo/ em cima, perto/ longe).
 Mesmo havendo diagnosticado a dificuldade das crianças em cumprir regras, havia uma necessidade maior em planejar práticas voltadas para o desenvolvimento das habilidades motoras, e a partir destas, construir com as crianças as regras a serem obedecidas.
Desenvolvimento:
O projeto foi desenvolvido no primeiro bimestre, no espaço de três meses; embora as práticas voltadas para o brincar permaneçam, pois estão garantidas na rotina da sala. O planejamento foi divido da seguinte forma, na segunda feira se contemplou o movimento corporal, alongamento e dança, na terça os circuitos motores, que foi sendo elaborados por níveis crescente de dificuldades, na quarta as cantigas de roda e demais dias da semana brincadeiras livres, com bola, corda e o faz de conta.
Ao trabalhar o movimento corporal, os objetivos estavam voltados para os temas: corporeidade, ludicidade e motricidade. Descreverei algumas práticas que proporcionaram novas experiências com relação ao movimento.
Esse momento é realizado na acolhida, e tem a duração de trinta minutos, entre alongamento, dança e relaxamento.


         


Todas as atividades de movimento, sempre iniciam com o alongamento, inicialmente as crianças apresentavam dificuldades em realizar, tanto em equilíbrio como em concentração, que aos poucos foi sendo superada, sempre levando elas a refletirem que nas atividades físicas, faz-se necessário alongar o corpo, preparando-o para movimentá-lo.
Quando o movimento é realizado, sempre termina com o relaxamento, na maioria das vezes exercitamos a respiração, que fica ofegante e relaxando a musculatura do corpo ao deitar.
 Baseado em PICCOLO E MOREIRA (2012, pág. 24), as oportunidades surgidas ao longo da vida podem permitir que a criança explore todo seu potencial e o movimento com o corpo permite essa exploração, e por essa razão é que devemos oferecer uma grande variedade de movimentos para que a criança execute e experimente.
Para esse movimento, utilizei a música Arco íris do amor, e tiras coloridas de papel crepom, para que ao ritmo da música, as crianças movimentassem a tira e consequentemente seu corpo, explorando os movimentos de subir e descer, correr, girar a tira sobre o corpo, mexer o corpo, dançar. As crianças corresponderam aos estímulos e gradativamente foram movimentando os membros superiores e inferiores.
No que se refere aos circuitos motores, fui dificultando os exercícios, com a intencionalidade das crianças explorarem seu potencial, superando suas limitações. Elas demonstraram vontade e prazer ao serem desafiadas a fazê-los.
Para a realização dos circuitos motores utilizei cordas, pneus, bambolês, escada, varal de ferro, cones, barra feitas com canos, cabos de vassouras, banco de madeira e outros materiais. Os primeiros circuitos, planejei apenas com cordas e bambolês, conforme o desenvolvimento das crianças com relação a equilíbrio e saltos demonstrados na facilidade e agilidade com que elas foram realizando e assim fui proporcionando outros materiais que tornasse desafiadora a execução dos exercícios, como arrastar por entre os pneus, caminhar com obstáculos, saltar por cima de obstáculos, subir na escada, se em pendurar no varal de ferro, andar com equilíbrio em cima do banco, passar por obstáculo em cima do banco..
                     




                  

                

            





A cada execução, as crianças me surpreendiam com a destreza com que realizavam os desafios propostos, algumas delas necessitaram de muito incentivo para superar o medo e a insegurança, mas mesmo com essas dificuldades, queriam executá-los. Nas falas de algumas, pude constatar a satisfação, liberdade e autonomia que demonstraram a partir dessas vivências. Eis algumas delas:
            - “Hoje tem circuito? Oba!” (criança 1))
            - “Tia, eu gostei muito, muito da brincadeira. ” (criança 2)
            - “Gosto de pular sobre os obstáculos.” (criança 3)
            - “O que achei mais legal foi subir a escada.” (criança 4)
            - “Gosto muito das brincadeiras de circuito” (criança 5)
            - “Eu gosto de pular, de correr e de passar no túnel de pneu” (criança 6)
            - “O que mais gosto é de subir a escada e se pendurar.” (criança 7)
            Esses circuitos motores exigiram das crianças agilidade, rapidez e desempenho físico, sendo que através desses, observei que, houve a construção progressiva da coordenação motora a partir dos conteúdos que foram trabalhados: destreza motora, equilíbrio, percepção do impulso, percepção da força, desenvolvimento de aptidões físicas: pular, resistência, controle viso motor; controle corporal: firmeza e equilíbrio.
No que diz respeito as experiências com as cantigas de roda, percebi que foi um desafio para as crianças, pois apresentaram muita dificuldade em formar a roda, acompanhar o ritmo do outro, dançar juntos. Ao desenvolver tais atividades, tinha como objetivo trabalhar o lúdico e o movimento.
            A estratégia que usei foi criar personagem para a cantiga, fazendo com as crianças tivessem interesse em brincar, ouvimos algumas cantigas do cancioneiro folclórico, e algumas crianças escolheram a cantiga “Pai Francisco entrou na roda”, devido o violão e o delegado. Dentre as crianças, se escolheu dois meninos para dramatizar a cantiga, um deles por possuir um violão e o outro por ter as algemas de delegado.
            E assim, começamos a ensaiar a cantiga “Pai Francisco”, quando terminávamos, sempre cantávamos outras cantigas, e assim as crianças foram gostando de brincar de cantigas de roda. Quando todos aprenderam a cantiga ensaiada, fizemos a dramatização no pátio da escola para as outras crianças.

A dramatização da cantiga de roda e brinquedos cantados encantaram as crianças, que revelaram interesse e prazer por estes, estando esse momento assegurado na rotina da sala. Outras cantigas já foram dramatizadas pelas crianças no pátio da escola, em momento de recreio, superando assim as dificuldades apresentadas pelas mesmas incialmente em relação a essa brincadeira.
            Dentre as cantigas dramatizadas pelas crianças estão: a “Linda rosa juvenil, “O cravo brigou” com a rosa e a “Ciranda do anel”, momentos de muito aprendizado em relação a oralidade, ritmo, dança, movimento e principalmente em interação.
 Nas falas das crianças sobre as cantigas, observei um diálogo entre três delas, depois da apresentação da cantiga de roda O cravo brigou com a rosa, o que segue abaixo:
            - “Eu gosto de dançar”. (Maria)
            - “Eu não gosto”. (João)
            -“ Por que não?” (Maria)
            - “Porque eu não gosto de dançar.” (João)
            - “Amo dançar.” (Ana)
Mesmo não gostando de dançar, João participa das cantigas de roda, acredito que por ser uma brincadeira que proporciona no momento de sua execução a interação entre todos.
Para trabalhar a coordenação motora fina, espacialidade e explorar os conceitos matemáticos, realizei as brincadeiras: futepano, andar com a bola de gude na colher sobre a linha reta, bola de carona, o brinquedo cantando “Ah! Minha gatinha parda”, a competição de passar tampinha de garrafa e andar sobre pés de quenga de coco. Algumas destas brincadeiras foram planejadas por mim, objetivando desenvolver nas crianças as competências almejadas.
Para a realização do futepano, utilizei um lençol de aproximadamente três metros, em forma de retângulo, com dois buracos e uma bola. As crianças sentadas ao redor do pano, segura-o e balança para que a bola caia por um dos buracos e faça o gol. As crianças se divertiram bastante, interagiram, se socializaram, colaboraram umas com as outras, desenvolvendo habilidades como: agilidade, ritmo e coordenação motora nos membros superiores.
A brincadeira de andar com a bola de gude na colher sobre a linha reta, foi desafiadora para as crianças pelo grau de dificuldade, pois estas ainda estão no processo de desenvolvimento da coordenação motora fina. Foi desenvolvida da seguinte forma: tracei duas linhas retas com fita adesiva, utilizei duas colheres e duas bolas de gude, e de duas em duas crianças iam realizando a brincadeira. Primeiro demonstrei a brincadeira para que as crianças observassem, pois a mesma exigia coordenação motora fina, concentração e equilíbrio. Todas elas realizaram, mais apenas uma conseguiu andar sobre a linha sem derrubar a bola de gude.

Já na brincadeira bola de carona, precisei de dois cones, uma bola e um colchonete, marquei uma linha reta no chão com fita para indicar o ponto de partida e chegada; distanciei os cones da linha vinte passos e posicionei os cones paralelos um ao outro; duas crianças carregaram a bola no colchonete do ponto de partida, passaram por meio dos cones e voltaram ao ponto inicial sem deixar a bola cair. Nessa atividade as crianças desenvolveram a coletividade, habilidade motora, ritmo na questão de andar no mesmo passo, equilíbrio e concentração.
No brinquedo cantado “Ah! Minha gatinha parda” utilizei uma fralda e um cabo de vassoura, as crianças ficaram em roda, se escolheu uma para ocupar o centro da roda e esta teve seus olhos vendados segurando o cabo da vassoura. As demais crianças giraram cantando a canção da gatinha parda, quando a música terminou, elas pararam; a que estava no centro tocou outra criança com o cabo, a que foi tocada miou, e pelo som da voz, a criança dos olhos vendados tentou descobrir quem era que estava miando.
            Essa brincadeira exigia a percepção auditiva e apenas uma criança conseguiu adivinhar, as demais demonstraram muita dificuldade, principalmente de ouvir o outro. Esse brinquedo permite também a interação, a socialização e a oralidade.
Já para desenvolver a competição de passar tampinha com as crianças, usei vinte e dois copos de requeijão, 40 tampinhas de garrafas nas cores azul e vermelho, quatro pratos de plástico e quatro cadeiras. Tracei com fita adesiva duas linhas retas paralelas uma a outra no chão, em cada ponta das linhas coloquei uma cadeira, em duas cadeiras coloquei um prato com vinte tampinhas, e nas outras duas cadeiras os pratos vazios. Depois dividi a turma em dois grupos, cada criança recebeu um copo, posicionei as crianças sobre a linha, sob meu comando, as crianças que estavam perto do prato com as tampinhas, pegaram uma tampinha e colocaram dentro do seu copo, e na sequencia passaria para o copo do colega, que passou para o outro e sucessivamente, até que as tampinhas foram passadas de um prato para o outro.
Nessa brincadeira as crianças vivenciaram muitas experiências, como de cooperação, paciência em esperar o outro, integração, trabalho em equipe. Como também agilidade, coordenação motora fina, concentração, entre outros. Nela pude trabalhar regra, pois só podia passar uma tampinha de cada vez. As crianças interagiram muito bem ao realizar essa competição
Andar sobre os pés de quengas de coco, foi uma brincadeira livre, sem regras, onde as crianças ficaram a vontade para realizar. Para seu desenvolvimento usei quengas de coco e cordão, precisei furar as quengas para prender o cordão. Essa brincadeira é proporcionada a crianças maiores, como meus alunos adquiriram uma maturidade motora em relação a faixa etária delas, devido ao trabalho realizado, resolvi desafiá-las, por ser uma atividade lúdica que exige preparo físico e equilíbrio. Fui surpreendida com a capacidade das crianças, a maioria conseguiram andar sobre os pés de quengas de coco.
Ao longo do desenvolvimento desse projeto, foram oportunizadas as crianças diversas brincadeiras, por serem muitas não cabe aqui descrevê-las, as que relatei foram as mais significativas, pois exigiram das crianças explorarem seu potencial, suas habilidades viso motoras, superarem seus limites, e ainda favoreceram a autonomia, a socialização e a cooperação.
Avaliação
            Desenvolver uma rotina pautada em atividades lúdicas não é fácil, por exigir do professor dinamismo, disposição, ludicidade e conhecimento para executar; pois a utilização da brincadeira na escola como recurso da prática pedagógica, tem que ser planejada, tendo objetivos a serem alcançados, mesmo sendo esta uma atividade essencialmente lúdica.
            Nesse sentido CARVALHO (1992, p.28) afirma que “o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança”.
O objetivo a ser alcançado era a ampliação das habilidades motoras da criança, proporcionando uma variedade de movimentos, para que esta, além de executar, explorasse seu potencial e desenvolvesse sua formação integral, proporcionando as crianças experimentar noções de liberdade, socialização e cooperação.
O resultado das aprendizagens das crianças foi satisfatório e corresponderam ao objetivo traçado, pois ao vivenciar tais experiências, elas corresponderam a cada brincadeira desafiadora, e isso foi possível, devido à reflexão por mim e por elas do que tinha sido bom e fácil de realizar na brincadeira.
Nessa perspectiva, as brincadeiras que exigiram potencial das crianças, ou uma percepção e coordenação motora bem desenvolvida, que naquele momento de realização elas mostraram dificuldades em executar, foram pensadas e realizadas de outras maneiras, para que o objetivo proposto fosse alcançado.
E para que fosse possível essa avaliação de reflexão ação, fui registrando o desenvolvimento das crianças nas brincadeiras realizadas, por meio do registro escrito, das falas delas, dos resultados obtidos e através de fotos e vídeos, que pra mim foi primordial, porque diante desses registros, planejava as brincadeiras seguintes.
Algumas falas das crianças que ajudaram a replanejar algumas atividades lúdicas, usando estratégias que correspondesse ao interesse delas.
- “Porque eu não gosto de dançar.” (criança 1), com relação as cantigas de roda e movimento.
- “Não consegui realizar essa brincadeira”. (criança 2), apresentou dificuldade na execução dos primeiros circuitos motores desenvolvidos.
_ “Essa brincadeira é muito chata.” (Criança 3), fala sobre a brincadeira de andar com a bola de gude na colher sobre a linha reta, porque foi difícil e demorada.
Assim como teve os registros, das brincadeiras que precisaram ser revistas, também registrei falas das crianças sobre brincadeiras que mais gostaram.
- “Eu gosto das brincadeiras com corda.” (criança 4)
- “É legal pular corda.” (criança 5)
- “Gosto de dançar, é bom.” (criança 6)
- “Eu gosto das cantigas de roda, porque é muito divertido.” (criança 7)
- “Gosto de brincar no circuito lá no pátio” (criança 8)
Pra mim, ficou evidente, que, a maioria das crianças alcançaram os objetivos, pois tem criança que ainda precisa ser muito estimulada para participar das atividades lúdicas direcionadas, principalmente o movimento e   a dança.
Grande maioria delas, a partir das brincadeiras realizadas, demonstram controlar o equilíbrio do corpo em diversas situações de brincadeiras livres e direcionadas, que requerem correr, pular, rolar, arrastar e subir, tendo esses movimentos bem aprimorados. Como também, realizam com desenvoltura os circuitos de brincadeiras que requer salto, abaixar, subir, dá cambalhota, pular com os pés juntos sobre obstáculos.
Enfim, continuo garantindo as crianças os momentos lúdicos, mesmo não estando mais desenvolvendo esse projeto, a dramatização, usada como estratégia para incentivar o interesse das crianças pelas cantigas de roda, surtiu tanto efeito, que ao trabalhar a música a flor do mamulengo, algumas crianças da turma, incluindo meninos e meninas, foram convidadas e desafiadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social, a se apresentarem na 57ª Festa da Colheita/ Cruzeta-RN,
Portanto, as experiências vivenciadas pela turma com o brincar, oportunizaram interações espontâneas e prazerosas para as crianças, pois elas brincam sem receios e sem preocupação de acerto ou erro, mas com participação ativa e carregada de construções estratégicas, mesmo que de maneira inconsciente, cabendo eu intervir com intencionalidade nas articulações viáveis pra o desenvolvimento das potencialidades como um todo, por meio das possibilidades e condições por ele proporcionado para atingir as especificidades da criança.
Avaliação da minha prática.
A cada planejamento realizado, refletia o que permaneceria e o que teria de ser ressignificado na minha prática, para isso, fiz leituras sobre a importância do brincar, e quais brincadeiras poderia desenvolver com as crianças.
            Para a efetivação do objetivo geral do projeto, tenho ciência que a maioria das minhas praticas favoreceram para alcança-lo, objetivo esse já citado nesse relato.
            As primeiras atividades lúdicas foram de acordo com a faixa etária das crianças, como as cantigas de roda, brincadeiras livres, outras direcionadas, utilizando corda, bambolês e bolas. Todas essas brincadeiras estavam de acordo com as possibilidades de aprendizagem das crianças e seus interesses.
             Com a efetivação do projeto, senti que havia de explorar mais o potencial das crianças, para isso fui proporcionando brincadeiras que estivem além das competências das crianças, como as brincadeiras de saltar com os pés juntos sobre obstáculos, a de caminhar sobre a linha reta, segurando a colher com uma bola de gude, músicas para o movimento em diferentes ritmos; com os estímulos no que se refere a formas de como ia sendo desenvolvidos, desafiaram as crianças a ousarem em fazer.
            Para que o objetivo fosse alcançado, a partir das praticas vivenciadas, o circuito motor foi a atividade que mais oportunizou as crianças ampliarem suas habilidades viso motoras, por se tratar de um conjunto de brincadeiras presentes numa mesma atividade e que trabalha o corpo todo. As outras estratégias foram sendo planejadas a partir das necessidades das crianças em desenvolver outros conteúdos presente nas práticas de Educação Infantil.
            Embora, as atividades foram planejadas para três meses, o lúdico tem sido priorizado em minha prática pedagógica, as brincadeiras continuam acontecendo, mesmo o projeto ter sido concluído. Se fosse executar o projeto novamente, muita coisa mudaria, devido os alunos serem outros, com suas especificidades e necessidades, fazendo com que novos objetivos específicos fossem incorporados.
            Foi uma experiência exitosa, pois comprovei na prática os avanços das crianças, não só na coordenação motora, como nas interações com o outro, mudança de comportamento e o prazer que demonstram pelas aulas, a escola se tornou prazerosa para elas.
            Pude aprimorar minhas práticas voltadas para o lúdico, pois ao buscar novos conhecimentos, mediante leituras, trocas de experiências com colegas de trabalho, ampliei os significados, brincadeiras e canções presentes ao longo da minha trajetória profissional. 
            Meus alunos apresentam um potencial em relação ao movimento, que inicialmente não tinham, fazer com que continuem ampliando e explorando gradativamente seu desenvolvimento motor, é um desafio para mim, pois exigi novas experiências, um novo olhar sobre quais necessidades de aprendizagens as crianças se encontram e suas especificidades.
            As experiências aqui relatadas podem ser aplicadas por outros professores, já que as brincadeiras se constituem uma necessidade da criança, e o principal meio pelo qual ela constrói seus saberes e se desenvolve fisicamente.
            Os resultados das práticas desenvolvidas, precisam serem divulgados no espaço escolar e na comunidade, socializá-los é uma das tantas formas de replicação, embora, a publicação em revistas, sites ou livros, atingem um público maior.
            Para uma replicação desse projeto, já que lidamos com a diversidade, e ele foi pensado para uma turma especifica; será necessário novas adequações e adaptações. Embora os conteúdos desenvolvidos devem serem trabalhados em qualquer realidade, pois estão voltados para o desenvolvimento físico motor da criança. Sendo assim, os professores que se inspirarem nessa prática, mesmo diante de realidades diversificadas, podem construir aprendizagens significativas em múltiplas linguagens.
Cabe ao professor, então, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza de intenções, isto é, sabendo o que as crianças podem desenvolver com a atividade proposta e como ela deve ser realizada, prevendo a ocupação e o limite de tempo, de acordo com a natureza da própria atividade, permitindo a realização dos movimentos em sua plenitude.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais pra a Educação Infantil. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009.

CARVALHO, A. M. A.et al, (org). Brincadeiras e Cultura: Viajando por um Brasil que brinca. Vol. 1. São Paulo: Casado Psicólogo. 1992.

NISTA-PICCOLO, Vilma Lení e MOREIRA, Wagner Wey. Corpo em Movimento na Educação Infantil. 1. Ed. São Paulo: Telos, 2012.






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